Morreu José Pinho

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José Pinho fez parte dos Órgãos Sociais da APEL, presidindo ao Conselho Técnico de Livreiros e, entre 2005 e 2008, exerceu a função de Vice-Presidente desta associação.

Na APEL, como em todo o seu percurso, o Zé (como era conhecido por todos) pautou a sua ação pelas ideias, que para muitos soavam muitas vezes a mera utopia, mas que acabava sempre por transformar em realidade.

Editou livros, criou livrarias, organizou festivais literários e, até à última, continuava a dar ideias avulsas que sabíamos que, depois do espanto, se tornariam reais. Numa entrevista recente à revista Mensagem, contou que pela década de 90 chegou a pensar transformar currais abandonados na Serra de São Macário em livrarias. Porque o José Pinho era isto. Olhava o mundo e congeminava como o poderia encher de livros. Ou de escritores e escritoras a falar de literatura e do futuro. Encontrava sempre um ângulo único e invisível aos restantes. E não ficava por aí. Ia atrás da forma de o realizar. Sempre movido pela ânsia de tornar o acesso do livro algo banal, habitual e rotineiro, para todos e para todas. Era incansável a transformar barreiras e problemas em oportunidades e realidade. Fazia-o sem dogmas, sem nenhuma visão predefinida do que era a literatura e o livro. Apenas observava, idealizava, planeava e fazia. Sem nunca se acomodar.

Atirava os seus projetos sempre com um sorriso e uma ânsia de os ter já diante dos olhos de todos. Essa tal utopia de democratizar o acesso ao livro e de assistir ao dia em que, em Portugal, a leitura fosse um hábito para a maior parte dos seus concidadãos.

Continuar este legado é por isso uma obrigação. Porque o devemos ao José Pinho, e porque o devemos ao setor dos livros, que tanto beneficiou daquela loucura saudável, tão prática e tão real. É nosso dever continuar a lutar por um Portugal mais literato, inundado de livrarias em cada canto e festivais onde se discutem sonhos, ideias e formas de ver o mundo, iniciativas que levem o nosso país a um lugar pelo que o José Pinho tanto lutou e pelo qual tanto fez. Sempre com um sorriso rasgado e uma gargalhada sonora.

À família a APEL endereça os mais sentidos pêsames.

Nota assinada por toda a Direção e colaboradores da APEL